Leio barbaridades em harmonizações, que me deixam as vezes aborrecida, com o bitolamento a certas castas, e outras chocada, com a falta de respeito com o leitor.
Recentemente, alguém que se intitula Chef de Cozinha, para seus incautos leitores, escreveu a harmonização de uma sobremesa extremamente doce, com um Tannat, detalhe, não era licor de Tannat e nem colheita tardia e sim um Tannat seco, dá pra imaginar desgraça maior do que esta? Esse é só um exemplo das barbaridades que existem por ai, algumas bem obviamente absurdas como esta, e outras menos, mas com resultados desarmônicos e a ideia é harmonizar, não é? Este é apenas um exemplo dentre tantas bobagens que já li sobre o tema.
Qualquer um que se dedique à harmonização e realmente beba vinhos, fora dos eventos, em sua casa, no seu dia a dia, já fez inúmeros testes com algumas castas, e sabe muito bem, o que é possível, o que é improvável e o que é absurdo, e nada, como os testes práticos, para confirmarem ou refutarem uma teoria, ou uma regra tradicional, é assim o treino prático, dos especialistas e sommeliers.
Tem gente harmonizando “nas palavras”, faz uma descrição firulesca do prato e do vinho, “harmonizando palavras”, e não os elementos do prato e do vinho, para quem conhece chega a ser engraçado, vira sopa de letrinhas…rs…
Não resta a dúvida que existem alguns chefs, que fizeram a formação de sommelier, e tem conhecimentos para decisões nesta área também, mas são cursos diferentes, não basta ser da área da cozinha, para entender suficientemente, no nível de harmonizar vinhos, escrever sobre o tema e elaborar harmonizações como um profissional, de vinhos.
Resumindo, recadinho aos leigos, enófilos iniciantes, você quer saber sobre harmonização? Melhor seguir sempre, a recomendação dos especialistas em vinhos, dos sommeliers. Chef de cozinha, deve entender de harmonizações culinárias entre si, de sabores, temperos, combinações de elementos, após a confecção do prato, cabe então o estudo do sommelier e dos especialistas em vinhos, para a harmonização com ele, ou seja o papel do chef acabou na cozinha, no momento em que se adentra a adega, é necessário um especialista em vinhos, assim como não cabe ao sommelier, recomendar a confecção de um prato, seus elementos e práticas de cocção.
No ditado popular mesmo: “Cada macaco no seu galho”.
Chega de confusão e desserviço aos leitores.
Imagino a decepção da coitadinha que leu uma coisa dessas, saiu para as compras, preparar o jantar especial para o maridão, comprou a sobremesa e o tannat, sentou-se à mesa e está até hoje com a boca amargando, da desgraça que foi esta combinação. Ninguém merece!
Bom então fica a dica, chef não é especialista em harmonização de vinhos, para isto, existe o sommelier, que por menos que saiba, por mais fraquinho que seja, ainda assim, sabe muito mais sobre vinhos e harmonizações do que um gastrônomo (formado em gastronomia), ou culinarista (um prático da cozinha com cursos informais), que tenha ou não o cargo de chef (aquele que assume a responsabilidade de uma cozinha profissional, ou seja, em um restaurante).
Enoabraços,
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