Das Minas Gerais, degustando história...

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Deixem preconceitos de lado e abram horizontes, para o destilado nacional,  vou ajudá-los a conhecer um pouco mais este universo, que traz com ele, história do nosso povo, de nosso país e de nossa bebida típica, a cachaça.
Um bom local para começar esta descoberta é lá pelas Minas Gerais, bem na divisa com São Paulo às margens do Rio Grande, no Triangulo mineiro, precisamente na cidade de Sacramento, na região da famosa Serra da Canastra, dos deliciosos queijos que vem ganhando mercado nacional.

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Nesta região nos idos de 1940, na Fazendo dos “Batistas” dá-se então, o início da produção da na época chamada, “Caninha Batista”, pelo fazendeiro José Batista de Oliveira, produção  que perdurou  até 1974.
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Aos 90 anos de idade, o Sr. José Batista, saudoso dos velhos tempos,  revelou seus segredos, ao seu genro, Marco Antônio Afonso da Mota, que iniciou como hobby, produzindo a cachaça artesanal para consumo e para presentear os amigos. Estudos e  pesquisas seguiram àquele início, somados a muita vontade de seguir adiante,  e alguns anos depois, renasce com toda a força, mantendo como símbolo o tradicional pentagrama,  a cachaçaria Batista na Fazenda Boa Sorte, sob a supervisão técnica do engenheiro de alimentos Bruno Zille, que tive a oportunidade de conhecer no final do ano passado, no lançamento do Concurso Mundial de Bruxelas – Espirituosos que acontecerá este ano no Brasil, Vejam AQUI.
Em conversa com o Bruno, ele me relatou sobre suas impressões de que a cana tal qual a videira, responde ao “Terroir” da região, infelizmente ainda não pode fazer estudos comparativos, por falta de oportunidade de terroir diversos para tal, e eu concordo, acredito muito na expressão do terroir, a natureza local se expressa nos frutos de sua terra, sem misticismo, quimicamente falando mesmo, e isto pode ser detectado se tivermos fatores de comparação e análise.
Espero e torço para que o Bruno tenha um dia oportunidade de dar sequência a esta interessante pesquisa.
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Conheçam um pouquinho do processo de produção:

Matéria-prima de qualidade, variedades selecionadas de cana e atenção ao processo desde o início:
  • A cana é moída logo após o corte, passa por filtragem e decantação, sendo então diluída e homogeneizada.
  • Dornas de fermentação: é fermentada com microrganismos naturais da região, sem adição de qualquer química ou leveduras provenientes de outros locais,  num ciclo de 24 horas, onde as leveduras transformam todo o açúcar em álcool, este caldo, chamado de vinho, é novamente filtrado e segue para a destilação.
  • Destilação: é realizada em alambiques artesanais de cobre, separando-se as chamadas  “cabeça e a cauda”, a primeira e última saída do processo de destilação,  que são encaminhadas, para produção de álcool combustível, utilizado na própria fazenda, o líquido resultado do meio do processo, da porção nobre, também chamada de “coração”, é que se elabora a Cachaça Batista.
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Amadurecimento ou descanso.
A cachaça já então elaborada, e recém saída do alambique, é enviada para tanques  de inox, ou para  barris das madeiras usadas pela Cachaçaria Batista, jequitibá e a maior parte de carvalho, por onde de acordo com o estilo proposto, elas permanecem em repouso.
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A fazenda é tratada com todo o respeito pela natureza, com repovoamento de espécies nativas e cuidados ambientais, os resíduos da produção são totalmente reciclados, e a água, que passa pelos circuitos de limpeza, vai para a estação de tratamento e é reaproveitada, na irrigação da lavoura. Tudo com alta tecnologia e sustentabilidade. Além disto a fazenda possui uma área preservada, muito acima das exigências legais.
Como podem ver, pode-se produzir cachaça de qualidade artesanal e com todos os benefícios da tecnologia, aliados ao respeito pela natureza.
Gosto muito disto, acho que é assim, que devemos seguir daqui para frente. Não cabe mais desrespeito ao planeta, pois o grau de informação que temos, já é mais do que suficiente, para não cometermos os erros do passado, pode-se ter qualidade e tecnologia associada a expressão da natureza e com respeito a ela, que nos oferece fartamente seus frutos.
Está de parabéns, o empresário Marco Antônio Afonso da Mota (foto), genro do Sr. José Batista, que desenvolve este projeto com todo esmero, dedicação e respeito à natureza.

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Em comemoração aos 70 anos desde o início da produção,  foi lançada a Cachaça Batista, edição comemorativa, com apenas 3000 garrafas, que eu tive a oportunidade de conhecer e como os colegas já devem estar curiosos, assim que possível, passarei aqui no Vinho e Delícias,  as minhas impressões sobre ela.

www.cachacabatista.com.br
Fotografias: Marcílio Gazzinelli

Enoabraços

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