O polêmico dia da mulher… Mulheres do vinho. Uma reflexão para todas.

brinde-vinho-e-delicias

Afortunadamente, depois de muita luta, não estamos mais, em tempos de discriminação e se ela acontece, cabe a nós, lutarmos por nossos espaços, não sinto o mundo assim, segregado a gêneros, vejo no mundo do vinho, priorizações sim, mas, muito mais por amizades e interesses pessoais, do que pela discriminação dos gêneros. Existem pequenos grupos, que segregam outros e assim por diante, mas isto é um pouco também da história da humanidade, infelizmente temos que reconhecer,  falta  evolução neste aspecto,  não é surpresa em área alguma. 
Acredito em ética, em competências, em garra pra lutar e em metas a serem alcançadas. Isto é igual para os homens e para as mulheres.

Não precisamos de um dia, já  fomos cobertas de homenagens, e trazemos a marca delas em nosso corpo,  homenageadas pela maior de todas as forças, a natureza,  que nos concedeu o poder da vida, em nosso ventre, e isto não pode ser mudado, por sociedade alguma, pelo poder da matéria, ou pela vontade de quem quer que seja. 

Consiste, apenas no papel da procriação, a diferença entre os gêneros e em todo o aspecto psicológico associado a este papel, leia-se aqui, as oscilações hormonais, que influem em nosso emocional, nos tornando tão indecifráveis, para o sexo oposto, com uma psique muito mais simples, do que a nossa. 
Temos muitos acertos, e muitos erros, dentre eles, o principal, a desunião da classe. Os homens ao se conhecerem, automaticamente já são companheiros e cumplices, se protegem e se encobrem, as mulheres ao contrário, são rivais, disputam, classificam, excluem.
Mas isto é muito justificado, pela psicanálise, porém este papo, demoraria páginas e não entrarei nele aqui, afinal não é um site de psicologia.

Se me permitem as mulheres um conselho, não se sintam diminuídas, pelo fato de, à mulher, ser atribuído um dia e ao homem não, o que sugere que eles tenham o ano inteiro e continuem no poder,  mesmo sendo o dia, uma homenagem às trabalhadoras, que morreram na fábrica, ainda assim, soa um tanto discriminatório e não apoio esta ideia. Já não opino sobre este tema, faz muitos anos, exatamente por não querer dar força a ele, mas resolvi vir à público e colocar minhas ideias, mais atualizadas.

Fui convidada pela Ale Esteves, do Blog Dama do Vinho,  a dar meu depoimento na postagem que fez com as mulheres do vinho, sobre o trajeto neste universo profissional, mas o meu texto ficou tão grande e não conseguia reduzí-lo, sem achar que perderia o fio da meada, portanto conversamos, e optei por não participar.

Como sabem, os que me leem,  estas minhas nuances polêmicas, que se abrem em taça...rs... me impedem de ser breve e sucinta…rs… Está no rol das minhas vocações, levar as pessoas a pensar, afinal o meu exercício profissional, como psicoterapeuta, me proporcionou isto, que é hoje, um diferencial valioso, na minha comunicação e em tudo o que produzo.

Agradeço  à Ale Esteves, pelo convite e a parabenizo pela iniciativa de abordagem do tema, é sempre bom retomar e repensar pontos, para reavaliar posições.

Meu trajeto no mundo do vinho, já é longo, desde a enófila, à profissional que sou agora, se passaram praticamente 10 anos. Dos tempos que eu comprava livros de vinhos, que lia avidamente,  ia a degustações entre amigos, algo mais informal, até a formação profissional completa de sommelière, de quase 3 anos na ABS-SP e minhas atividades profissionais atuais.
Durante todos estes vários anos,  frequentei vários  espaços, gradativamente, sem pular nada, tudo o que me cabia, de eventos pagos abertos aos enófilos, aos convites como profissional, tudo feito de acordo com as minhas conquistas a cada momento,  e sozinha, sem qualquer conhecido na área, fui abrindo os meus espaços, movida apenas pela atração que o conhecimento, associado ao universo do vinho  exercia sobre mim,  passei por muitos desafios e aprendizados, mas não foi em vão, colho hoje, os frutos de todas estas fases e com muito orgulho, por tê-las aberto, apenas com competência. Não tenho apadrinhamentos e tenho ainda portas fechadas, por não ter me deixado abordar, e também, por não ser adepta de bajulações.

Mas não vejo no mundo do vinho, nenhuma discriminação acirrada contra a mulher, vejo disputas, vejo inveja, vejo gente pouco preparada, vejo desinformação, desorganização,  vejo os famosos “Gérsons”, que estão em todo lugar, vejo muitos e muitas  oportunistas, e vejo também, muita gente séria, batalhadora, gente de bom coração, com garra, em ambos os sexos, quero crer que a maioria.  Acredito que a apreciação do vinho, tenha atraído no passado, muito mais o homem, é isto, que explica a enormidade esmagadora de adeptos do sexo masculino, neste universo. Hoje as coisas mudam aceleradamente e as mulheres entram neste universo, e são bem-vindas.

Se eu puder sugerir alguma coisa, sugiro, que as mulheres que ainda não encontraram seu lugar profissional, que busquem seu espaço, estudem mais,  exerçam as profissões que escolheram, insiram-se de verdade neste universo, só assim, terão o retorno do respeito que esperam e deixarão de se sentirem tão discriminadas, percebendo que este tempo, já passou para as outras e vai passar para elas também, mas o façam com consistência, tendo algo a oferecer.  

Há espaço para todas, mas é preciso acima de tudo, encontrar sua verdadeira vocação, todas estudamos as mesmas coisas, algumas se expressarão com os decanters em punho, em salas de aula, em consultorias,  outras com suas habilidades de comunicação e não adianta forçar a barra, aqui entram habilidades pessoais que não podem ser aprendidas e nem imitadas. Temos espaço sim, some-se a ele, auto-conhecimento para localizar habilidades pessoais, que te tornam única no que fará, e mais o conhecimento do tema, no caso vinho, que é algo a ser estudado indefinidamente.

Somos fortes, somos guerreiras, damos conta de jornada dupla, no trabalho e na família, estudamos, batalhamos nosso dinheiro, colocamos a cabeça no travesseiro, preocupadas com o que gostaríamos de oferecer aos nossos filhos, com as contas que estão por vir, lutamos para pagá-las, lutamos com as dificuldades, desafios e frustrações e ainda assim, damos apoio e oferecemos cuidados aos nossos filhos, esperança aos nossos parentes e amigos que nos procuram, cuidamos de nós mesmas e encontramos tempo, para sonhar com um futuro amplo de alegrias e muitas taças de bons vinhos, não é?…rs…

É assim que somos em potencial, mas muitas vivenciam isto de fato,  nos seus dias, são guerreiras de verdade.

Esta é a mulher que homenageio, uma batalhadora do mundo do vinho, como algumas que conheço, mulheres que estudam este universo, trabalham nele, enfrentam desafios de verdade, no seu dia a dia profissional, que  abrem seu espaço, com honestidade, garra e muita seriedade em seus compromissos.
Esta mulher é a mulher 2014, a ela, que constrói a psique descolada e completamente integrada, das mulheres do futuro, ergo a minha taça e tenho certeza, de que os homens (de verdade) a homenageiam e a respeitam da mesma forma, em todos os dias do ano, como se respeitam entre si, por mais dificuldades que elas enfrentem, elas tem dentro de si a conexão com sua força interior, a força criadora da natureza e a expressão no fruto de seu trabalho.

Saúde, muito sucesso, alegrias e conquistas! Smiley piscando 400 dias por ano de muitas realizações positivas, respeito e felicidade!

PS: Li algumas homenagens masculinas, de homens do mundo do vinho e as apreciei bastante, gosto de ver homens de verdade, que se expressam com respeito e ternura em relação a estes temas, e os parabenizo pela desenvoltura e pureza de sentimentos, agradecendo pelos parabéns recebidos.

Enoabraços,

1 comentários :

Camila H. Coletti disse...

Obrigada Ale Esteves pelo convite para participar da sua matéria, mas que a minha dificuldade em me expressar com poucas palavras (tagarelice) impediu que acontecesse...rs... Muito sucesso e alegrias neste e nos demais 400 dias do ano a que temos direito de ser feliz!