Resling Itálica, a nossa Riesling...chega de confusões.



Este assunto "Rieslings" muitas vezes, gera  dúvidas entre os enófilos, tanto que em degustações de vinhos nacionais, os degustadores ao se depararem com um vinho riesling nacional, ficam em busca dos descritores de aromas típicos minerais, do Riesling Alemão, do Riesling Francês, Austríaco... que não serão nunca encontrados no Riesling nacional, e se alguém disser que os sentiu, desconfie, ele leu sobre a riesling, mas não o suficiente, decorou os descritores e está falando pelo texto, pelo simples fato de que, a Riesling que tipicamente tem aromas minerais, não é plantada aqui no Brasil, a Riesling dos aromas minerais é a Riesling Renana, originária da Alemanha (Leia sobre ela AQUI), e aqui no Brasil a Riesling plantada é a Riesling Itálica de origem desconhecida.
Estive pesquisando e num trabalho de Mauro Celso Zanus e Jorge Tonietto  apresentado no X Congresso Brasileiro de Viticultura e  Enologia e colhi dados interessantes.
A uva Riesling Itálica, tem sua origem desconhecida, é pouco difundida no mundo, tendo uma pequena produção ao norte da Itália e em alguns países europeus: Áustria, Eslovênia, República Tcheca/ Eslováquia e Hungria. No entanto difundiu-se esta variedade aqui no Brasil na região da Serra gaúcha, tendo sido introduzida em 1900, provavelmente por demanda dos imigrantes italianos, que ocuparam a região sul do país, vinda em sua maioria no norte da Itália, no final do século XIX, sendo a primeira casta nobre utilizada na elaboração de vinhos brancos varietais aqui em solo brasileiro. 


Mas porque uma uva que praticamente não é utilizada, no restante do mundo, aqui passou a ser importante e muito cultivada? Atentem que na América do Sul, no chamado cone sul - Chile, Argentina e Uruguay esta variedade parece não ser cultivada.
Pois é, aqui no Brasil, descobriu-se o valor da Riesling Itálica na produção de espumantes, e por várias razões passou a ser muito apreciada, por ser uma variedade muito produtiva, brotar em setembro, portanto com menor risco de geadas tardias e queima dos brotos, mostrando muita adaptação e produtividade. Além disso por não ter um caráter varietal aromático de muita intensidade, por serem seus aromas muito sutis, eles praticamente não interferem no desenvolvimento dos aromas do processo do espumante, possibilitando maior intensidade aos aromas provenientes da segunda fermentação elaborada na própria garrafa (método clássico, ou método champenoise),  e daqueles desenvolvidos no contato com as leveduras (conhecido como "sur lie").
Como viram, esta uva acabou se tornando uma fantástica presença em solos brasileiros e  para o nosso espumante nacional e eu acredito pelo que li, que ela venha a ser um símbolo no futuro, aqui no Brasil.

Enoabraços,

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