Enólogo formado pela ABS-SP? Como assim???

A pérola do mês.
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Me aborreço, confesso. Difícil ficar calada. Uma área totalmente focada no conhecimento como a de vinhos, com “supostos” consultores que não sabem nem, qual é a formação de um enólogo.
Isto desmoraliza a proposta de gente séria no tema.

Quer ser profissional? Comece estudando.

Não basta ter blog e falar de suas viagens ou vinhos bebidos para transformar-se em um especialista, menos ainda, bem menos, transformar-se em Enólogo, formação de nível superior, no nível tecnólogo (curso de 2 anos).

Todo mundo pode ter um blog, obviamente, mas não passará nunca de um blogueiro. Pode até ser  um “formador de opinião”, ou não.
O que acredito pela minha experiência e conhecimento de alguns aspectos, que a maioria não é. Existem parâmetros para medir isto.

Mas isto é outro papo. Qualquer dia converso com vocês sobre este tema. Esta confusão criada por algumas assessorias, que tem que oferecer relatórios de número de publicações para seus clientes e só se preocupam com quantidade de publicações. Só uma dica: Reparem o número de publicações repetidas com o mesmo tema (que não seja de evento) em uma única semana.

Falando de profissional do vinho de verdade…

A formação é que define quem é profissional.

Ou será que se eu abrir um blog para falar de medicina, poderei em alguns meses abrir um consultório e começar a clinicar?
É assim infelizmente, que acontece no mundo dos blogs de vinhos.
Ser o entendido da “turma de amigos” não torna ninguém especialista. Para isto o meu velho pai tinha um ditado: “Em terra de cegos quem tem um olho é rei”.

Mas lembre-se,  sua coroa só vale no teu pedaço, com a tua “turma”.
Menos pessoal… B E M menos…

Noção faz bem, para a sociedade, para o convívio e para o exercício do respeito.
Admissível que o bebedor de vinho desconheça as diferenças entre enólogos, sommeliers e enófilos, mas não é admissível para quem se intitula "consultor na área".
Muito mico, não acha?

Tem muito blog de gente legal, que tem sua profissão, nada a ver com vinho e ama o universo dos vinhos, sabe quem é, e assim se apresenta. Admiro, respeito e considero a opinião de alguns deles.
Se dizem apreciadores de vinhos, se reúnem com os amigos, fazem viagens visitando vinícolas e dividem “suas impressões” com os seus leitores. Simples e franco.
São blogueiros apaixonados pelo vinho. São enófilos sim, NÃO são profissionais e não se intitulam como consultores ou o que quer que seja.

Não viajaram na fantasia de ser profissional, a ponto de um dia acreditar nela e se acharem de fato profissionais.

Quer ser profissional? Perfeito.

Percorra o caminho para tal. Estamos em 2015. Existem simmmmm formações para a área de vinhos.
Vamos deixar a  preguiça de lado e começar a estudar pra valer. Antigamente os especialistas se formavam na raça, no investimento em viagens ao exterior e comprando livros e vinhos, adquiriam assim algum conhecimento. Alguns bem mais e outros bem menos. Mas de qualquer forma este tempo passou. Já se foram mais de 30 anos e o Brasil evolui também na formação de seus profissionais. Houve época que bastava ser francês aqui no Brasil para automaticamente ser repeitado como especialista em vinhos. Já conheci vários franceses que nem bebem vinhos, são adeptos de cidras e destilados. Vamos acordar pessoal.

Quer fazer enologia?


Vá para o Sul, a maior parte das formações estão lá.
A formação é superior no nível tecnólogo, como a faculdade de gastronomia.
Aqui em SP existe faz pouco tempo, uma formação em São Roque. Desconheço detalhes dela.
Uma das minhas primeiras publicações aqui no Vinho e Delícias foi sobre os cursos de formação em ENOLOGIA.


Você pode ler no link:  Faculdades de Enologia no Brasil

Entendendo um pouco mais sobre enólogos, sommeliers e enófilos…

De fato só existem duas formações PROFISSIONAIS aqui no Brasil, são elas:
  • Enólogo: Nível superior /tecnólogo. Profissional capacitado aos tratos com a videira e elaboração do vinho. Eu chamo de profissional do “pré garrafa”. É quem é responsável pela elaboração do vinho. Conhece cada passo a fundo, além de conhecer a história, geografia, terroir e etc.
  • Sommelier: Titulo obtido através de curso de formação, que na ABS-SP conta com 3 módulos. Ao finalizar o módulo 2 e após ter sido aprovado nos módulos 1 e 2, o aluno obtém a formação de “Profissional do Vinho” e somente obterá a carteira e diploma de Sommelier/Sommelière quando somar aos 2 módulos anteriores a aprovação no módulo 3. Em termos normais esta formação leva cerca de 2 anos e meio. Mas pode ser acelerada com os novos módulos de aulas diárias. Existe formação séria e profissional também no SENAC.

    O Sommelier ou sommelière (feminino) é o responsável em passar o conhecimento do vinho ao cliente, no restaurante ou na adega,  dos estilos, da história, da geografia dos países. Responsável pelo serviço do vinho, dos tratos com a adega, da elaboração de cartas para restaurantes e adegas particulares e das harmonizações com a culinária.
    O sommelier é o profissional do “pós garrafa”. Ele não é habilitado nos tratos com a videira e nem na elaboração do vinho, papel do enólogo, como citado acima.
Enófilo é apenas o nome dado ao “bebedor de vinho” que se apaixona pelo universo dos vinhos e além de bebê-lo passa a estudá-lo, em livros, palestras e em cursinhos diversos, até que, caso queira, curse e obtenha o titulo de uma das duas formações acima.

Este foi o meu caso, porque todo apreciador que se apaixona de fato,  começa assim, como enófilo. Hoje  sou também, já faz alguns anos, sommelière pela ABS-SP. Comecei a escrever aqui no Vinho e Delícias na metade do curso de sommelière, dividindo com os colegas do curso na época, mapas, dicas de eventos e minhas impressões sobre alguns vinhos que degustava.

Não fiz a formação com o objetivo de serviço ou venda do vinho e sim para aprofundar os meus conhecimentos e poder entender o universo do vinho de uma forma mais ampla. Sendo uma formação longa participei de inúmeras degustações técnicas guiadas, e este sempre foi o meu principal foco: Análise organoléptica de um vinho.

Faria também enologia, se estivesse no Rio Grande do Sul.

Minha paixão me permite isto. Gosto de ir fundo em tudo o que me encante. Não concebo alguém querer produzir conteúdo, sem ter conhecimento formal no tema.

Neste aspecto temos também os/as compiladores de conteúdo. Abrem 3 ou 4 livros fazem resumo e lançam um livro. Quero ver alguém que tenha real capacidade de desenvolver um tema de verdade. Tem muita gente boa, com profundo conhecimento e que ainda não ousou entrar neste campo de produção de livros. Porquê são sérios e querem lançar conteúdo que acrescente algo e não que apenas faça compilação de dados, reajuste de informações já publicada em outros livros.

Sobre sommeliers. Cuidado!!!

Não julgue uma classe por um grupo que se apresenta como sommelier. 

Atenção nem sempre quem se apresenta em um restaurante como sommelier o é de fato, por isto os enófilos, frequentadores de bons restaurantes criticam  tanta bobagem, que percebem e são obrigados a ouvir dos sommeliers que os servem. Isto denigre a imagem dos “verdadeiros” sommeliers.
Não quero dizer com isto também que basta ser formado para ter competência, apenas que com a formação o risco é menor. Mas já ví barbaridades também dentre os formados. Como em qualquer profissão existem os bons e os maus profissionais. No entanto se sendo profissional, a qualidade é ruim imagine não sendo.

Não se esqueçam que estamos no Brasil e o empregador gosta de pagar o mínimo, assim, pega um garçom ou um vendedor que goste de vinhos e tenha feito um cursinho básico ou tenha recebido treinamento de alguma importadora e o coloca na função de sommelier.
Simples assim, ainda mais se o mesmo tiver boa aparência.

Existem também aqueles que começaram o curso, não se formaram, mas como começaram e divulgaram no facebook, se intitulam sommeliers e NÃO são de fato.

Eu conheço uma lista enorme deles, mesmo porque cursei ABS-SP por mais de 2 anos e vi quantos abandonaram a formação. Acredito que mais de 60% abandona. A enorme maioria não consegue concluir o módulo 2, porque tem uma formação escolar de base muito ruim. Pessoas que nunca foram acostumadas a estudar, não tem a cultura da leitura,  e menos ainda conseguem escrever sem inúmeros erros. Obviamente não são aprovados nas avaliações da formação e desistem.

Como alguém aprenderá sobre geografia e história dos inúmeros países produtores de vinhos, sem ler???
Nestas horas, a gente vê na prática, o que significa esta aprovação em massa da escola pública brasileira. Gente que não sabe escrever uma linha. Negligenciou no passado e um dia recebe a conta.
Não consegue concluir nem um simples curso de sommelier.

Mais interessante é que estes, os que não foram aprovados são os que falam mal da escola.
Puro e lamentável despeito.
Falar mal da escola não trará benefício algum. Se eles reconhecessem suas dificuldades e corressem atrás de corrigí-las - porque sempre é tempo- colheriam um dia o resultado de seu esforço.
Não sabem estudar, pesquisar e querem tudo mastigadinho.

Muitos estão formados de fato, mas carregam consigo a inabilidade de articular meia duzia de palavras para escrever uma ficha de vinho. Lamentável.

Cuidado também com os que fizeram os cursos básicos na ABS, cursos de 2 meses, sem qualquer prova, cursos para enófilos e não para profissionais e se intitulam sommeliers.
O facebook está lotado deles. Fujam...

Há pouco tempo dei com um se dizendo “sommelier pela WSET”...rs...

Não existe formação de sommelier ou de enólogo pela WSET. Os cursos da WSET são para os apreciadores de vinhos. Não oferecem títulos de formação profissional reconhecidos.

Já vi de tudo. 

Só não tinha visto alguém ser ENÓLOGO pela ABS-SP.

Fica meu papo de domingo,

Enoabraços,

Camila H. Coletti

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